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O problema da violência – Folha Espírita Cairbal Schutel – João Baptista do Valle

Chamamos civilização do espírito aquela em que os poderes

espirituais regerão a vida social.
Para isso é necessário que a sociedade

seja formada por seres morais, criaturas formadas nos

princípios da moral-consciencial.
Essa moral corresponde ao que

Hubert considera as exigências da consciência.

Não se trata, pois, de um conceito de moral metafísica, de uma

formulação utópica de sonhadores.
Mesmo que o fosse, a definição

da utopia por Karl Mannheim nos socorreria quanto à sua validade.

Sabemos que a consciência varia de graus no tocante à sua estrutura

e à sua coerência.
E sabemos também quais os perigos concretos

de uma consciência imatura, ainda não suficientemente definida,

e portanto vazia ou incoerente, contraditória, que pode produzir

catástrofes no âmbito da sua influência ou do seu domínio.

As variações da moral entre grupos humanos e as próprias

civilizações decorrem mais da posição da consciência dominante

na sociedade do que dos fatores mesológicos e suas consequências

econômicas.
No plano religioso a consciência é um fator determinante

da realidade religiosa.
As exigências da consciência são sempre

as mesmas em todos os homens.
As variações de graus e de coerência

decorrem do processo de maturação e das condições de meio e educação.

A consciência amadurece na proporção em que as experiências

vão revelando ao espírito o seu anseio latente de transcendência.

A violência do homem civilizado tem as suas raízes profundas e

vigorosas na selva.
O homo brutalis tem as suas leis: subjugar, humilhar,

torturar, matar.
Não obstante, misturam-se às ordenações violentas estranhos

preceitos de amor e bondade.
São as lições conscienciais desenvolvidas

lutando para despertar as que, endurecidas no apego a si mesmas

asfixiam os germes do altruísmo nas garras do egoísmo.
É um espetáculo

dantesco o de uma alma vigorosa dotada de intelecto capaz de entender as

suas próprias contradições, mas empenhada em negar a sua condição humana,

rebaixando-se aos brutos ao invés de buscar a elevação moral a que

se destina.
Nos momentos de transição, como este que estamos vivendo,

a violência desencadeada exige a oposição vigorosa e sacrificial dos que já

atingiram o desenvolvimento consciencial da civilização.
O mesmo acontece

no tocante à aceitação de princípios errôneos por conv eniência.

A regra áurea do amor prevalecerá num mundo regido pela moral

consciencial.
Porque a primeira exigência da consciência humana é a

do amor ao próximo, desprezada e amesquinhada nas sociedades mercenárias

a ponto de levar-nos ao seu contrário, o ódio, essa cegueira, que

gera e sustenta a violência no mundo.
Contra essa realidade exasperante

de nada valem os sermões, as pregações, as ladainhas e outras preces labiais.

O mesmo indivíduo que se ajoelha diante das imagens, nos templos

suntuosos, volta ao seu posto de mando para ordenar torturas canibalescas.

Está certo que Deus o aprova, pois age em defesa da civilização cristã,

aviltando aqueles pelos quais o Cristo morreu, segundo lembrou Stanley

Jones.
Exemplo, a “Santa Inquisição”.
No começo do século, Léon Tolstoi

já advertia que estamos numa era de nova antropofagia, então requintada

pelas técnicas modernas.
Ainda não surgiu, infelizmente, o gênio da Psicologia

que deverá, mais cedo ou mais tarde, realizar a análise assombrosa

dos complexos sem nome de misticismo, sadismo e barbárie que Freud

apenas aflorou em suas pesquisas da libido.

A vantagem do Espiritismo, entre todas as doutrinas filosóficas do

nosso tempo, é a de colocar os problemas do homem, mesmo no campo

religioso, em termos de razão e naturalidade, eliminando os resíduos do

sobrenatural que pesaram sobre o passado, sem cair no ceticismo e no

agnosticismo.
Essa posição sui generis do Espiritismo permite-lhe preparar

o homem atual para uma existência normal e digna no futuro, desde

que os espíritas, tão sobrecarregados de heranças religiosas atávicas e deformadas,

não venham a cair nas mesmas e nefastas ilusões da investidura

divina e da institucionalização hierárquica das religiões tradicionais.

René Hubert interpreta a educação, no seu Tratado Geral de Pedagogia,

como um processo que tem por finalidade estabelecer na Terra a

solidariedade de consciências, da qual resultará uma estrutura política e

social que ele denomina de República dos Espíritos.
As energia espirituais

e a orientação racional do ensino moral do Cristo, enterrado no complexo

de mitos dos Evangelhos, são na verdade, os elementos que podem e realmente

já estão balizando o futuro da humanidade terrena.
Como observou

Gandhi em suas memórias, os meios que nos podem levar à verdade

e à dignidade só podem ser verdadeiros e dignos.
Esses meios não precisam

da justificação dos fins, pois justificam-se por si mesmos .

Muita paz a todos

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